Encontro Nacional

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quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Unidos somos diferentes?

Uma antiga história fala da união de pessoas em torno de um mesmo objetivo é a “história dos gravetos”, ou qualquer outro nome que possa ter ganhado ao longo do tempo. A história conta que um pai muito rico, com muitas propriedades e já à beira da morte chama seus filhos. Ao chegar os filhos o homem lhes diz: “Deixarei tudo o que tenho com apenas um de vocês, basta que pegue aquele feixe de lenha que está atrás da porta e o quebre”. Cada um dos filhos tentou com muito vigor, mas nenhum conseguiu quebrar o feixe de lenha, por mais força que fizesse. Então, o pai, vendo os filhos fazerem força pediu: “Dêem-me o feixe e eu mesmo o quebrarei”. Os filhos, espantados, entregaram-no ao pai que foi retirando um a um os gravetos do feixe e quebrando, até não restar mais gravetos a serem quebrado. A moral desta história é sobre a necessidade de estarem unidos para garantir a força e a estabilidade do trabalho. As versões são muitas, assim como os autores.
Na Filosofia Clínica tenho escutado constantemente uma pergunta: “Por que algumas pessoas mudam tanto quando estão dentro de um grupo?” Como exemplo, citam pessoas que são devagar, quase parando, e que ao se juntarem a outras pessoas assumem atitudes violentas. Pessoas que em grupo fazem qualquer tipo de ato sem um mínimo de reflexão, algumas vezes passam de submissos a comandantes de atos sem precedentes.  Um filme baseado em fatos reais, no caso “O experimento da prisão de Stanford” em 1971, retrata bem o que temos acima. Lembramos que o experimento foi cancelado antes que houvesse violência física, mas o filme “The Experiment” de 2010, uma refilmagem do alemão “Das Experiment” de 2001, apresenta a visão de como seria se não tivesse sido interrompido o experimento. Voltando ao assunto, durante o experimento um homem pacato, religioso que morava com a mãe se torna um dos monstros do projeto. De fiel religioso a um violento comandante dos guardas da prisão, por que?
Algumas pessoas enquanto Estrutura de Pensamento solitárias têm ativas em si alguns tópicos, os quais a levam em uma direção. No entanto, quando estão em Interseção de EPs, ou seja, quando estão com outras pessoas fazem uso do conteúdo de outros tópicos de sua Estrutura de Pensamento. Assim, um homem ou mulher quando está sozinho pode ser orientado pelo que acha de si mesmo, pela visão que tem do mundo ou até mesmo pelas emoções. Mas quando se junto com mais algumas pessoas pode colocar em funcionamento seu pré-juízo de que é um enviado de Deus. Assim, de pacífico cidadão, se torna o guia de algumas centenas de pessoas que fazem do que ele diz um motivo para a violência contra outros e contra si mesmos. Algumas pessoas nesses momentos fazem uso de agendamentos feitos pelos pais: “Não leve desaforo para casa”. E essa calma pessoa, estimulada pela embriaguez e pelos ditos, fazendo uso de uma arma não leva desaforo para casa. Um exemplo para os amantes de motocicleta e rock n’ roll são os Hell’s Angels da década de 60, os quais, quando se juntavam tornavam-se violentos e mortais.
As ilustrações acima não têm objetivo de dizer que é assim, mas pode ser assim. Sendo muito mais simples, posso dizer que algumas pessoas são completamente diferentes quando estão em contato com outras. Como o menino, metido a machão, que se torna um doce e leva todo desaforo para casa quando está em contato com a menina que gosta. A grande diferença se dá porque algumas pessoas quando estão em Interseção de Estrutura de Pensamento mudam os tópicos pelos quais são tomadas as decisões. E assim se tornam pessoas tão diferentes de si próprias em nesses momentos que são praticamente irreconhecíveis.


Rosemiro A. Sefstrom

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