Encontro Nacional

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segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Faça Você mesmo!

Por um acaso você corta seu próprio cabelo? Você consegue pintar perfeitamente a unha da mão direita com a mão esquerda? Você consegue coçar o meio das suas costas sozinho? Consegue roer a unha do próprio pé? Consegue fazer curativos nas próprias feridas? Em cada um destes casos, é necessário, ao menos para a maioria das pessoas, que alguém que lhe possa auxiliar para que ela possa realizar a atividade. Para a pessoa que coça as minhas costas, nada de mais, provavelmente ela estará atrás de mim e facilmente pode coçar. Para o barbeiro que corta o meu cabelo, simples, ele pode dar uma volta inteira ao redor de mim e ainda ver a minha cabeça de cima. Para outros casos acontece o mesmo: a pessoa que desempenha a atividade entende ser muito fácil o que está fazendo, mas para quem recebe parecia impossível fazê-lo sozinho.
Na vida, algumas pessoas, quando encontram problemas, pela posição em que se colocam na situação não conseguem localizá-lo exatamente. Pior ainda, algumas pessoas se colocam em uma posição de modo que o problema pareça inatingível, muito distante delas. Há também os casos nos quais o problema é muito forte e a pessoa entende que ela sozinha não tem capacidade de resolver. Existem ainda centenas de cenários diferentes para o posicionamento de uma pessoa frente a um problema. Mas, o que fazer quando o problema se apresenta de um modo que não tenho como resolver sozinho? Peço ajuda, ao menos seria o aconselhável, mas não é o que acontece em muitos casos.
O mais comum é ver por aí pessoas que estão pintando as próprias unhas, cortando os próprios cabelos, fechando as próprias feridas. Estas pessoas, ao fazerem isso se dão por autossuficientes, não precisam de outra pessoa para lhes ajudar, elas podem fazer sozinhas. Claro que sim, provavelmente um contorcionista existencial consiga coçar o meio de suas costas, mas seria muito mais fácil e certeiro se outra pessoa o fizesse. Esses autossuficientes agem como um velho desenho que eu costumava assistir quando criança, o “Ursulão”. O personagem era famoso por tentar fazer as coisas por ele mesmo, segundo ele, economizaria “quinhentas pratas”. Mas, invariavelmente, pela sua falta de habilidade, falta de conhecimento e muitas vezes de sorte mesmo, acabava fazendo uma enorme confusão e gastando muito mais do que deveria.
Muitas pessoas se apresentam pela vida apontando nossas fragilidades e a facilidade com que poderíamos resolver, mas nem todas saberiam como nos ajudar. É bem provável que qualquer um possa olhar minha cabeça em volta e de cima, mas nem todos sabem cortar o meu cabelo. Claro que ao barbeiro parece fácil, visto que ele se preparou para isso. O ideal é que eu procure o profissional adequado para que ele possa fazer o melhor por mim. Não é porque sou médico que me atenderei a mim mesmo, posso fazê-lo, mas não sei se terei clareza para realmente ver o diagnóstico.
Para sua casa, o seu carro, os seus dentes, você procura os profissionais competentes, e para ajudá-lo existencialmente?  Você faz como o Ursulão, economiza quinhentas pratas fazendo por você mesmo o que os outros fariam, na maior parte das vezes, muito melhor? Nem sempre é fácil pagar, mas eu não confiaria meu carro a uma pessoa qualquer, nem a mim mesmo, prefiro um mecânico. Na vida também pode ser assim, quando eu não estiver bem, posso procurar alguém que me ajude a ficar melhor. Quando eu procuro ajuda não estou sendo fraco, mas estou sendo forte o suficiente para fazer algo por mim mesmo. Claro que isso é assim para algumas pessoas, para outras tantas é bobagem.

Rosemiro A. Sefstrom

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