Encontro Nacional

Encontro Nacional

terça-feira, 30 de setembro de 2014

Tudo de novo!

Em minhas consultas como Filósofo Clínico, já ouvi algumas pessoas usarem a expressão: “Tempo bom que não volta mais!” Estas pessoas usaram esta expressão para denotar a falta de algo que ficou no passado e não pode mais ser recuperado. Existem ainda aquelas que dizem: “Não sei onde deixei meus sonhos, em algum lugar pelo caminho, mas não sei onde”. Outras pessoas pedem: “Gostaria de retomar quem eu era, uma pessoa alegre, extrovertida, que via o mundo como um grande desafio”. Palavras como estas e muitas outras denotam que estas pessoas têm um ponto, algo que dizem ter perdido, ou que apenas lhes resta alguns dados. Quando pessoas que têm este tipo de queixa vêm ao consultório, uma das coisas que pode-se fazer por elas é a reconstrução.
Reconstrução é um procedimento simples, muitas pessoas fazem isso instintivamente e nem se dão por conta. Como aquelas que se sentam no num café pela manhã e ao ver uma criança com a bola na mão começam a dizer: ”No meu tempo a bola era totalmente diferente, as roupas, até mesmo o campinho em que essa garotada joga é totalmente diferente do nosso”. Cada um dos aspectos que ela descrever a partir da imagem do menino com a bola na mão é uma reconstrução. Outro exemplo para ilustrar a questão é o marido que se senta ao lado da esposa e ao pegar a taça de vinho lembra de quando os dois eram namorados. A partir dessa lembrança, ambos começam a acrescentar dados até que a memória seja tão forte que não precisem mais ajudar um ao outro, a memória estará viva na cabeça de cada um. O importante é perceber que se parte de um pequeno ponto, uma fração e se vai em direção às questões circunvizinhas. Como em um quebra cabeça, onde partimos de uma pequena peça. Talvez no início seja difícil, mas depois de certo tempo fica fácil pois temos claramente a figura as cores, contextos.
Agora que o conceito ficou claro é possível verificar algumas questões ligadas ao processo de reconstrução, como os conteúdos que reconstruímos. De milhares de exemplos que poderiam ser dados, os exemplos ligados aos casamentos são os que mais me chamam atenção, assim como os das empresas. Algumas pessoas quando fazem a reconstrução de alguma coisa, são tão bons no que fazem que reconstroem exatamente como era, até com os mesmos defeitos. Como aquele homem que se separa da esposa devido à sua falta de atenção com a companheira, falta de fidelidade e compromisso exagerado com o trabalho. Lá, em certo ponto da vida a esposa pede o divórcio, ele se diz arrependido e quer começar de novo, quer reconstruir a vida. Em algum tempo encontra outra companheira e começa a reconstrução de sua vida a dois, em poucos meses está tudo de pé outra vez. No entanto, tão bem reconstruído que ele refaz os mesmos comportamentos com essa nova companheira, que o leva a uma nova separação e assim por diante. Outro lugar muito comum de reconstruções mal feitas são nas empresas, espaços onde alguns reconstroem sempre e exatamente o mesmo modelo. Enquanto ele funcionar, tudo bem, mas quando ele começa a falhar, provavelmente falhará em todos os lugares, uma vez que é sempre igual.
Mas onde vamos conseguir os dados para fazer uma reconstrução, onde estará o material necessário para refazermos o que não existe mais? A fonte de materiais para a reconstrução é a história de cada um, é lá onde encontramos os elementos que faziam parte daquela memória perdida. Assim, é importante que saibamos colocar os dados de uma reconstrução de acordo com a estrutura da pessoa. Usando uma analogia, se não levarmos em conta a história da pessoa é como se, ao reformarmos uma casa colocássemos mais peso do que a estrutura agüenta. Provavelmente ela irá ruir.  O alerta é para que, ao fazer o processo de reconstrução, procuremos coisas boas a serem reconstruídas, refeitas. Leia mais em www.filosofiaclinicasc.com.br

Rosemiro A. Sefstrom

Nenhum comentário:

Postar um comentário