Encontro Nacional

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segunda-feira, 30 de junho de 2014

Pais e mestres!

Quando era pequeno observava meu pai como um ídolo, um homem capaz de conquistar a mulher por quem eu tinha tanto amor. Vendo este ídolo queria ser igual a ele, vestia sua camisa de trabalho, pois era nessa hora que ele ganhava o beijo, colocava seus sapatos, mostrando já ser “grande”. Queria comer as mesmas comidas que ele colocava no prato, ver os mesmos programas de televisão vistos por ele, me divertir com os mesmos programas de lazer que o divertiam. Meu pai era um mito de perfeição, um exemplo vivo de como seguir minha vida para conquistar uma mulher como a que eu amava.

Aos poucos fui crescendo, percebendo outras realidades além da minha, fora dos muros de minha casa. Entendi que existiam outras mulheres para serem conquistadas, mas ainda assim, meu exemplo de como fazê-lo vinha do meu maior mestre, meu pai. Ao ir em busca dos meus amores percebi que reproduzia não só os comportamentos afetivos de meu pai, mas que buscava o que buscava com o mesmo afinco que ele o fazia. Percebi que mesmo tendo sonhos diferentes, era a mesma forma de sonhar. O estranho é que muitas vezes conversamos como deveriam ser as coisas para mim, que eram outros tempos e outras experiências. Mas, mesmo em outros tempos, com outras experiências, meu espírito de vida se preparara para cada desafio junto com ele. Assim, em cada desafio que enfrentei na vida um pouco dele esteve comigo.

Hoje tenho filhos, um em casa e muitos fora dela. São crianças que encontro pelas ruas, filhos de amigos, conhecidos, parentes, estranhos e aqueles pelos quais nutro um carinho especial, meus alunos. Como posso saber o que vão aprender do que eu ensinei? Alguns deles lembrarão de minha palavras até o fim de suas vidas, lembrando frases, jargões, brincadeiras, piadas. Mas sei que alguns deles amanhã esqueceram minhas palavras, mas lembram como me vestia, como cortava o cabelo, o que comia, o que bebia, como demonstrava meu carinho e até mesmo minha raiva. Mas, sei que haverão ainda outros que não lembrarão de minhas palavras ou de como me comportava e vestia, mas lembrarão que era o “professor”.

Esse é o tamanho de nossa responsabilidade frente a cada pessoa com quem conversamos, com quem vivemos. Se olhar para suas crianças, de seus vizinhos, aquelas que encontram pelas ruas, vai se orgulhar do que está ensinando? Como as pessoas que convivem com você irão lembrá-lo? Somos um espelho existência, a partir do qual muitas pessoas medem a própria existência. Você está feliz com o que herdou dos seus pais? O que está ensinando?
Pense nisso!


Rosemiro A. Sefstrom

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