Encontro Nacional

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quinta-feira, 26 de junho de 2014

O QUE VOCÊ ACHA?

“Olha, estou com alguns problemas e queria ver se você não pode me ajudar. Sou casado há mais de vinte anos e não estou tendo uma boa relação com a minha esposa (o). O que você acha que eu devo fazer?” Muitas conversas começam assim, com perguntas aparentemente despretensiosas e que parecem pedir um bom conselho, são até interessantes no sentido de se pensar num alternativa ao problema proposto. Mas devemos considerar que aquele que fala não nos explicou absolutamente nada do que quer dizer por “casado há vinte anos”. Mesmo que todos aqueles para quem ele perguntasse a respeito do assunto tivessem vinte anos de casado, seria com a mesma mulher? Bom, vai que por uma ironia do destino exista alguém que casou com a mulher de outrem e que agora também completa vinte anos de casado, esse casal tem a mesma história do casal anterior?
Um filósofo pouco conhecido, mas muito importante para a filosofia chama-se Protágoras, segundo ele “o homem é a medida de todas as coisas, das coisas que são, enquanto são, das que não são, enquanto não são”. Antes de explicar o que ele disse vou consultar um outro filósofo, que anos mais tarde diria com outras palavras, assim diz Schopenhauer  “o mundo é minha representação”. Com estas duas frases os filósofos colocam a questão de que, quando você olha pela janela, sente a brisa que acaricia seu rosto e o perfume das flores no jardim é assim somente para você. Se sua mulher, estiver justamente á seu lado, paradinha sentindo a brisa e o perfume das flores, para ela a experiência será totalmente diferente. Pode ser boa para ambos, mas em cada um será diferente.
Retomando a pergunta acima com a colaboração dos filósofos acredito que entramos em um beco sem saída, pois não sabemos o que é ser casado há vinte anos. Assim como também não sabemos o que é não ter uma boa relação com a esposa. Mas como poderemos saber tudo isso? Uma boa sugestão é ouvir, seguir os passos de Sócrates e me afirmar ignorante diante daquilo que vou escutar, ou seja, nada sei sobre o outro e é ele que vai me ensinar. Então, perguntamos ao que procura ajuda, o que são estes vinte anos de casado, ou seja, qual a história deste tempo de casamento. Depois que ele o tiver explicado esta parte podemos interrogá-lo a respeito de ter uma boa relação, assim como ele diz, o que quer dizer ter uma boa relação?
Quando tiver todas as informações e entender o que é ser vinte anos casado e não ter uma boa relação com o cônjuge, aí sim estarei perto de dar algum direcionamento. Mas como? Todo direcionamento que der será como eu faria as coisas, como a velha pergunta: “No meu lugar, o que você faria?” Não é o caso, agora já sabemos o que são os conceitos para a pessoa e podemos dizer à pessoa como ela pode retornar. Uma das coisas que posso fazer é prestar atenção na história que ele me contou dos vinte anos de casamento e perceber que ela ama flores e que ele tinha o costume de presenteá-la com lindos buques. Percebendo isso posso recomendar que ele leve flores na volta para casa, que compre um ramalhete das flores que a mulher adora. Posso ter escutar na história do casamento que a mulher adora passear e faz muito que entraram na rotina, casa, trabalho. Neste caso recomendo à ele que leve a mulher para passear, visitar um lugar que faz tempo que não vão.
Assim como para qualquer médico, que cuida do corpo, também o é para o terapeuta que cuida da mente. Precisamos conhecer bem os problemas, as dificuldades que a pessoa nos traz e entendê-las a partir da própria pessoa. Somente assim estarei medicando as dores existenciais daquela pessoa não  o que acho que ela tem.

Rosemiro A. Sefstrom 

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