Encontro Nacional

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segunda-feira, 16 de junho de 2014

Não sei!

Há um tempo em que comecei a estudar Filosofia Clínica, naquele período achava que tinha encontrado o caminho para encontrar as respostas que precisava sobre a alma humana. Parecia bem provável para mim que pela Filosofia teríamos um caminho longo e árduo sobre a alma humana, mas que, ao final, chegaríamos a alguma resposta que pudesse preencher minha alma. No entanto, com o tempo e as aulas que tive comecei a escutar uma incomoda resposta do professor: “Não sei!” Me intriguei com a resposta, principalmente por ser a resposta de um filósofo. Por experiência sei que esta espécie de estudioso costuma ter respostas muito bem elaboradas e construídas, lhes dando certeza do que falam.
Por um tempo continuei acompanhando as aulas e vendo aquele fenômeno do “não sei” permeando boa parte das respostas do filósofo. Mas, como queria saber o motivo de tantas falta de sabedoria para responder às questões feitas sobre o entendimento da alma humana, fiz eu mesmo uma pergunta: “Professor, estou passando por uma fase bastante difícil em minha vida, para tentar chegar a uma resposta preciso de sua ajuda. Minha situação é a seguinte. Tenho vinte e um anos de idade, acabei de me formar na faculdade e estou empregado, meu salário não é grande coisa, mas me mantém. Gosto do que faço, modéstia a parte sei fazer bem aquilo para que fui treinado, mas não tenho gosto pelo que falo, faço mais pelo que vem no final do mês. Agora me surgiu a oportunidade de trabalhar em algo que gosto, que é na área da educação. O primeiro ponto negativo é que o salário que já é peque no vai ficar ainda menor. Depois tenho as contas para pagar e tantas outras pequenas coisas que me dizem que não é viável mudar de profissão. Devo seguir minha razão ou a minha emoção?” O professor olha com tranqüilidade e responde: “Não sei!”
Não agüentei, fiquei bastante chateado e perguntei: “Como assim, não sabe? Segundo a ordem das coisas sou eu quem não sei e você quem sabe, o que acha?” O professor paciente me responde: “Como posso saber quais as orientações de sua vida antes de conhecê-la? Só posso orientá-lo depois de saber sua história de vida, a orientação que sua caminhada tem e como tudo o que está dentro de você se comportará com esta mudança”. Isso me levou a perceber que o que o professor não sabia como eu deveria me comportar com relação às minhas próprias questões. Veja bem, minhas próprias questões. Apontou que para mim, assim como para qualquer um outro seria diferente.
A partir de então percebi que cada pessoa tem uma forma única de ser e por assim dizer, de fazer as próprias coisas. Lembrei dos conselhos dados aos amigos dizendo como deveriam gerenciar a própria vida, seus amores e tristezas. Comecei a examinar alguns dos conselhos e orientações que recebi, para não dizer tudo, a maior parte do que me falaram dizia respeito à pessoa que estava me falando. Por assim dizer, quem dizia que eu deveria chorar quando estava triste é porque pensava que assim deveria todos fazer quando estavam tristes. Quem dizia que dor de amor se cura com outro amor, é porque pensava que todos deveriam comportar-se assim. Com o professor aprendi que para minhas questões sou eu quem tem as respostas e para as questões de outras pessoas, sem saber sua história de vida, sem conhecê-las, “Não Sei!”
Pense nisso!

Rosemiro A. Sefstrom

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