Encontro Nacional

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quarta-feira, 30 de abril de 2014

Fala por mim!

Há uma passagem da Bíblia que é mais ou menos assim: “Dize-me com quem andas e te direi quem és”. Essa frase trata de considerar as companhias que tenho como um testemunho de quem sou. Sendo assim, se ando com pessoas religiosas, logo, sou religioso, se ando com pessoas bonitas, logo, sou bonito. O primeiro exemplo fica fácil de aceitar, mas o segundo nem tanto. Isso acontece por haver uma série de problemas quando tentamos definir uma pessoa. Na realidade, não seria necessário definir uma pessoa, mas geralmente conhecer passa pela definição, não se tem como conhecer algo que seja indefinido. Ao menos é o que temos experimentado depois do advento da ciência.
Na atualidade, existem tantas formas diferentes de se montar um “perfil” de uma pessoa, ou uma definição, que fica difícil saber o que exatamente diz algo sobre ela. Há algumas semanas, trocando de canais na televisão, vi uma reportagem na qual uma pessoa definia a personalidade através da roupa. Para este profissional, as roupas diziam tudo da pessoa, segundo ela, era possível traçar um perfil completo apenas pela roupa. Interessei-me pelo assunto e fui para a internet para ver quantas seriam as maneiras de se criar um perfil de uma pessoa. O susto foi grande, pois, segundo a rede, existem centenas de maneiras de se dizer quem é a pessoa, como ela é, sem que ela se quer fale.
Entre os métodos que encontrei há um que funciona através da escrita. A pessoa que apresentava esta técnica dizia que, segundo os traços de cada letra, seria possível descrever a personalidade do indivíduo. Havia uma outra, essa sim é boa: a pessoa conseguia dizer tudo sobre a pessoa analisando a fisionomia dos dedos do pé. Outro ainda conseguia fazer o mesmo que os anteriores só observando o formato do nariz. Há aqueles profissionais que dão um perfil psicológico pelas roupas, organização do guarda roupa, postura do corpo e assim por diante.
Em Filosofia Clinica temos um cuidado muito maior para este tipo de trabalho. Quando uma pessoa chega ao meu consultório, não tenho a mínima ideia do que nela ou fora dela fala sobre sua pessoa. Em outras palavras, não sei se seu nariz, seus dedos do pé, sua roupa, gestos, são as ferramentas que vão me mostrar quem ela é. Em cada pessoa há elementos muito específicos que dizem quem ela é e isto só pode ser observado na história de vida de cada um. Não tenho como dizer que uma pessoa está sempre triste porque está vestida de preto, pode ser apenas que ela goste dessa cor. Não tenho como dizer que uma pessoa é séria porque vive com a testa franzida, pode ser que tenha aprendido a ser assim.
Em Filosofia Clinica, o tópico expressividade é aquele que trata do quanto a pessoa flui em direção ao outro quando se comunica. A expressividade de uma pessoa pode acontecer por diversas maneiras e algumas, talvez, nem saibam como falar delas mesmas. Algumas pessoas são extremamente expressivas quando cantam, dançam, falam, escrevem, estão sempre dizendo delas mesmas. Outras, no entanto, podem cantar muito bem, escrever de maneira especial, mas em nada falarem de si. É preciso conhecer este outro que se coloca diante de mim para saber o que da vida dele fala sobre ele.
Para finalizar este artigo, coloco uma proposta: se você, leitor, tivesse uma pergunta que quisesse respondida num dos meus artigos, o que perguntaria? Envie sua questão e esta será respondida de acordo com as técnicas e ferramentas da Filosofia Clínica.

Rosemiro A. Sefstrom

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