Encontro Nacional

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quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Harlem Shake / Marilyn Manson

A nova moda na internet é o “Harlem Shake”, nome da música criada pelo DJ Baauer, também conhecido por Harry Rodrigues. A música toda pode ser resumida nas quatro frases que seguem: Con los terroristas / (ta-ta-ta-ta-ta-ta-ta-ta-ta-ta-ta-ta-ta) / And do the Harlem Shake /Shake, Ey (shake). Esta é uma música eletrônica que tem uma dança peculiar: inicialmente apenas uma pessoa aparece dançando e ao ser dita a frase “And do the Harlem” aparecem muitas outras pessoas. As pessoas que aparecem numa segunda etapa dos clipes estão geralmente em trajes esquisitos, ridículos e encenam o ato sexual. Isso é uma música e uma dança que se tornou o novo modismo da internet.
Diferente do DJ Baauer há um cantor conhecido por Marylin Manson, também chamado de Brian Hugh Warner. Seu nome artístico é a junção dos nomes de Marilyn Monroe e Charles Manson, apontando a grande contradição existente dentro de si. Para muitos ele é um cantor satânico, demoníaco. Seus clipes são impactantes o que afasta a maior parte das pessoas, sua forma de colocar as ideias no papel e transformá-las em música faz com que sejam criados muitos mitos em torno de seu personagem.  O personagem Manson é também conhecido e já reconhecido por suas obras em aquarela, segundo especialistas, obras que poderiam ser classificadas como expressionistas.
O que você diria se visse alguém que em poucos minutos trocasse a música eletrônica Harlem Shako pelo Heavy Metal de Marilyn Manson? Provavelmente diria se tratar de uma pessoa bipolar, ou seja, alguém que varia entre comportamentos eufóricos e depressivos. Mas, considere que algumas pessoas podem ter dentro de si vários conteúdos e que cada um deles tem seu próprio veículo de comunicação. Em entrevista ao programa Amaury Junior respondendo a pergunta sobre o motivo pelo qual se tornara pintor,  Manson fala: “Eu costumava pintar quando não podia exprimir o meu sentimento numa canção”. Ao afirmar isto, o cantor está deixando claro que aquilo que diz em suas músicas é o que realmente pensa, seus clipes são uma clara demonstração de sua dualidade.
Até aqui tudo bem, o que fiz foi ilustrar dois pontos, o Harlem Shake tido como legal, bom, recomendável, engraçado. Do outro lado Marilyn Manson, tido como anti-Cristo, obscuro, pesado, mal visto, não recomendado. Essa é a postura dos nossos dias: em boa parte se recomenda a alegria, a felicidade, ainda que fugaz, momentânea. A tristeza, a solidão, a dúvida, devem ser erradicadas, resolvidas. A pílula da felicidade não é só vendida nas farmácias, mas vendida em discos chamados CDs, DVDs, em revistas que publicam a receita para a alegria.
Músicos como Manson mostram que a dubiedade pode ser um caminho de depuração e a arte uma bela ferramenta de expressão. Em Filosofia Clínica, Manson ganha acolhida não a partir do que dizem dele, mas a partir do que sua própria história fala de si. Sua tristeza, dubiedade, sua abertura contra as religiões não são tão novas: Nietzsche também tinha opiniões muito próximas e é tão expurgado quanto o cantor. Entender que cada um é diferente e tem diferentes formas para se comunicar é fácil, difícil é ver um filho ouvindo Maryn Manson, lendo Nietzsche e criticando seus valores de rebanho. Entender que há diferença qualquer um pode, aceitar, trabalhar e fazer desse mundo um lugar singular, isso não é para qualquer um.

Rosemiro A. Sefstrom

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